Poema
 

Não guardo os olhos da hora vencida 
e isso me insatisfaz como um caso de morte.
Impossibilidade de reter o eu 
de há alguns minutos.
E a rua já é outra.  Seu idioma. 
Outra a fração de manhã.

Pois tudo é interrompimento, 
ainda que não o morto diário 
eu o jantar
mas o que se é durante, fluindo.

Ou cada impulso
faz uma vida em separado? 
Ou sou vinte, mil, dez mil
dentro de um minuto inconsútil? 

Salto do ônibus para o susto. 
As coisas estão suspensas.