Sobre Ensaios Mínimos
José Roberto do Amaral
Lapa
Poesia, conto, novela, romance e
agora ensaio. Eis o itinerário cumprido até agora por Eustáquio
Gomes, um escritor que ancorou em Campinas e aqui chanta a sua carreira
e vivência. Autocrítico rigoroso, acabou por decidir reunir
neste livro — Ensaios Mínimos — textos nos quais coloca a sua acuidade
como crítico literário.
Sabendo dimensionar o rigor acadêmico
para ficar impune em circuitos outros que não o da erudição
e aparato bibliográfico, quase sempre estéreis, Eustáquio
sabe escrever com o desembaraço do jornalista, com algum humor e
se for preciso irreverência, mergulhando fundo na leitura, observação
e reprodução de autores como Machado de Assis e Guimarães
Rosa, Raduan Nassar e, quem diria, dele próprio Eustaquio, explicando
sua carpintaria literária, radiografando inspirações,
modelos e confissões do seu romance-folhetim A Febre Amorosa.
Mas é no capítulo
“Notícia de uns rapazes de Campinas” que mostra a segurança
e o rigor de sua pesquisa, garimpando revelações sobre o
consumo e a reprodução da modernidade em Campinas, ou para
ser mais preciso do movimento modernista na terrinha, tirando leite de
insuspeitadas fontes e mostrando bem que o que se produziu nessa esteira
merece espaço nos estudos da interiorização das idéias
e práticas modernas. Já se pode antever o que E. G. nos reserva
para sua dissertação de mestrado.
Correio Popular, 28 de dezembro
de 1988
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