Fausto Cunha
Poucas vezes, nestes tempos de vacas magras, li com tanto interesse e prazer
um livro de autor brasileiro, sobretudo de autor jovem, como fiz com este
A Febre Amorosa, de Eustáquio Gomes. Na dedicatória rende
tributo a Márcio Souza e Ivan Angelo, o que mostra a excelente companhia
que escolheu. A história se passa em Campinas, durante uma epidemia
de febre amarela, às vésperas da Proclamação
da República. Figuras histórias e personagens imaginários
se encontram nesta novela fragmentária, dividida em três partes,
das quais justamente as duas últimas, menos "ficcionais", são
as melhores. O que chama a atenção é a extraordinária
qualidade do texto; Eustáquio Gomes atinge por vezes a finura irônica
de um Machado de Assis — o que não quer dizer pouco. É sem
a menor hesitação que vejo em A Febre Amorosa uma das mais
brilhantes revelações da prosa brasileira nos últimos
anos.
Revista Status, novembro de 1984 |