Eustáquio Gomes lança
“O Mapa da Austrália”
Bibiana Sant'Ana
O romance Quincas Borba, de Machado de Assis, foi praticamente o
responsável pela incursão do jornalista Eustáquio
Gomes, coordenador de imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
no mundo da literatura. Instigado pela beleza do livro, Eustáquio
teve a certeza que queria ser escritor um dia. Hoje, depois de 30 anos,
ele lança, às 20h, no Dalí Restaurante Bar (Rua Frei
Antônio de Pádua, 1.521, Jardim Guanabara), seu décimo
livro, O Mapa da Austrália.
O romance traz como personagem central um funcionário público
que vive em função de suas fantasias. E são nelas
(fantasias) que o protagonista constrói suas histórias. Na
obra de ficção, duas realidades se contrapõem: a que
o funcionário público vive e a que ele cria. E elas vão
se intercalando e interagindo, explica o autor.
Há mais de um ano Eustáquio vêm trabalhando na obra.
Disciplinado, quase que diariamente reserva algumas horas para escrever
— seu dia todo é ocupado na função de assessor de
imprensa que exerce junto à Unicamp. Mas a paixão pela sua
segunda profissão, a de escritor, não o abandona nunca. Enquanto
faz as coisas que mais gosta, como caminhar, por exemplo, Eustáquio
vai pensando, imaginando as histórias, criando soluções
técnicas para seus livros.
Nascido em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, Luz, Eustáquio
teve uma infância difícil. “Lia jornais velhos e alguns livros
na escola”, conta. Mas o fascínio pela leitura era tanto, que todos
os títulos que ele enxergava, devorava. “Só via a possibilidade
de ser escritor na minha vida”.
Aos 11 anos foi estudar em um seminário católico, permanecendo
até os 17 anos. Foi lá que teve sua paixão descontrolada.
Possuía a chave da pequena biblioteca e lia sem parar. Também
queria ser padre. Mas vivia uma contradição: ser sacerdote
e adorar textos profanos. “Já escrevia alguns textos, observados
pelos padres do seminário”, conta.
Pouco tempo antes de deixar a escola católica, teve acesso ao livro
Quincas Borba. Furtou o exemplar, que foi devolvido pouco tempo depois
pelo correio. A partir daí, teve à disposição
inúmeros outros autores, dos quais prefere citar Ernest Hemingway,
Albert Catnus, Franz Kafka. Eustáquio também lembra do brasileiro
Graciliano Ramos como um dos seus “ídolos”.
Entre suas obras publicadas estão: Cavalo Inundado (Poemas),
de 1975; Mulher Que Virou Canoa (Contos), 78; Os Jogos de Junho
(Novela), 81; Hemingway: Sete Encontros com o Leão (Ensaio),
83; A Febre Amorosa (Romance), 84; Jonas Blau (Romance), 86; Ensaios
Mínimos (Ensaio), 88; Os Rapazes d’A Onda e Outros Rapazes
(Ensaio), 92; e Um Andaluz nos Trópicos — Perfil Biográfico
do Pintor Bernardo Caro (95).
Folha de São Paulo - 1998 |