Eustáquio Gomes e
alguns
rapazes de Campinas
Gonçalves do Amaral
Poesia, canto, novela, romance e
agora ensaio. Eis o itinerário cumprido até agora por Eustáquio
Gomes, um escritor que ancorou em Campinas e aqui chanta a sua carreira
e vivência, entre o jornalismo, que também não largou,
pois é editor de duas publicações periódicas
— o “Jornal da Unicamp” e "Unicamp Notícias" — onde aliás
é o responsável pela Assessoria de Imprensa. Autocrítico
rigoroso, acabou por decidir reunir neste livro — "Ensaios Mínimos"
(Ed. Pontes — Campinas) — textos nos quais coloca a sua acuidade
como crítico literário. Sabendo dimensionar o rigor
acadêmico para ficar impune (está cursando o Instituto de
Estudos da Linguagem da Unicamp) em circuitos outros que não o da
erudição e aparato bibliográfico, quase sempre estéreis,
Eustáquio sabe escrever com o desembaraço do jornalista,
com algum humor e se for preciso irreverência, mergulhando fundo
na leitura, observação e reprodução de autores
como Machado de Assis e Guimarães Rosa, Raduan Nassar e quem diria,
ele próprio Eustáquio, explicando sua carpintaria literária,
radiografando inspirações, modelos e confissões do
seu romance-folhetim “Febre Amorosa”. Mas, é no capítulo
“Notícia de uns rapazes de Campinas” que mostra a segurança
e rigor de sua pesquisa, garimpando Revelações sobre o consumo
e a reprodução da modernidade em Campinas ou, para ser mais
preciso, do Movimento Modernista na terrinha, tirando leite de insuspeitadas
fontes e mostrando, e bem, que o que se produziu nessa esteira merece espaço
nos estudos da interiorização das idéias e práticas
modernas. Já se pode antever o que E.G. nos reserva para sua dissertação
de Mestrado.
Correio Popular - 28/12/88 |