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Viagem ao centro do
dia é um diário que se estende por trinta e quatro anos –
dos dezenove aos cinqüenta e três anos do autor. Iniciado em
1973 e concluído em 2005, Viagem relata os esforços do jovem
interiorano para se tornar escritor, e sua intenção, tomada
na maturidade, de não torná-lo um diário póstumo.
Organizado como um romance, o diário tem seus capítulos titulados
à maneira dos romances de cavalaria, com uma estrutura aberta que
lembra o próprio curso da vida - arbitrário e fascinante.
Segundo
o crítico e professor universitário Alcir Pécora,
“a persona criada pelos cadernos de diários de Eustáquio
Gomes se filia à linhagem literária dos burocratas líricos,
da qual, no Brasil, o amanuense Belmiro é o mais perfeito modelo,
sem que sintomaticamente seja citado neles uma só vez.”
“Se fosse
usar um vocabulário caro aos diários – escreve Pécora
–, diria que Belmiro é o seu êmulo recalcado. Na literatura
internacional, essa mesma escola de pequenos funcionários relaciona
personagens definitivos como, exemplarmente, K., Akaki Akakievitch, Bouvard
e Pécuchet, Simon Tanner, e, ainda mais diretamente, o Bartleby,
de Herman Melville – outro êmulo perfeito não citado.”
Editora: A Girafa
462 páginas
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